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Tarifaço dos EUA pode gerar prejuízos bilionários e até 80 mil demissões no Rio Grande do Sul, avalia tributarista

  • Foto do escritor: Najaska - Jornalismo
    Najaska - Jornalismo
  • 23 de jul.
  • 3 min de leitura

Em entrevista à TV Câmara, o consultor tributário Valdecir Moschetta, de Erechim, afirmou que medida de Donald Trump ameaça cadeias produtivas e exige reação diplomática e econômica do Brasil


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A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, pode causar um impacto significativo na economia nacional, com reflexos diretos sobre o Rio Grande do Sul. O consultor tributário Valdecir Moschetta, de Erechim, analisou, em entrevista concedida à TV Câmara, que o estado deve ser um dos mais atingidos pelo tarifaço, com prejuízos estimados em quase R$ 2 bilhões e a possibilidade de até 80 mil postos de trabalho afetados em setores como agropecuária, indústria e comércio. Os dados foram levantados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta o Rio Grande do Sul como o segundo estado brasileiro que mais deve perder com a medida.


De acordo com Moschetta, a taxação anunciada por Trump faz parte de uma política ampla de tarifas adotada pelo governo americano contra diversos países, mas, no caso brasileiro, ganhou um tom político, ao incluir críticas ao Supremo Tribunal Federal em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o consultor, essa postura extrapola os limites comerciais e ameaça a relação histórica entre os dois países. “É uma tarifa esdrúxula e extremamente prejudicial, que coloca em risco empregos, empresas e a entrada de divisas no país. Além disso, retira a questão da diplomacia e usa fatores políticos que não cabem nas negociações internacionais. O Brasil é soberano e não pode se submeter a esse tipo de ingerência”, avaliou.


O impacto no estado será sentido, especialmente, em cadeias produtivas ligadas à exportação de commodities e produtos industrializados. Entre os itens brasileiros mais vendidos ao mercado norte-americano estão café, suco de laranja, celulose, petróleo, móveis e máquinas agrícolas. No Rio Grande do Sul, Moschetta estima que a agropecuária possa perder cerca de 30 mil postos de trabalho, a indústria outros 30 mil e o comércio aproximadamente 20 mil, números que devem se materializar de forma gradual, à medida que contratos forem sendo afetados.


“Há 145 mil trabalhadores gaúchos em empresas que exportam para os Estados Unidos. Não significa que todos serão impactados, mas os cortes podem ser expressivos, sobretudo nos primeiros meses”,.

Diante do cenário, o tributarista defende que o governo federal adote medidas emergenciais para reduzir os danos econômicos, como linhas de crédito subsidiadas e apoio direto às empresas exportadoras, especialmente nos setores mais atingidos. Ele compara a situação a uma “pandemia econômica”, que exigirá atuação rápida do poder público. “Durante a Covid-19, o governo federal aportou R$ 500 bilhões para manter estados e municípios funcionando. Agora, não é diferente. É preciso socorrer empresas e preservar empregos até que novos mercados sejam encontrados. O problema é sério, mas não é permanente. Com o tempo, parte da produção pode ser redirecionada para outros países, embora o processo leve meses ou até anos”, afirmou.


Moschetta vê na diplomacia o único caminho viável para tentar amenizar os efeitos do tarifaço, ainda que considere as chances de sucesso limitadas, principalmente devido ao componente político inserido na decisão norte-americana. Ele ressalta, no entanto, que há uma pressão crescente de setores empresariais nos próprios Estados Unidos, com entidades como a Câmara de Comércio Americana — que reúne cerca de 3 milhões de empresas — pedindo a suspensão da medida. “Existe uma movimentação interna nos EUA, porque lá também haverá prejuízos, mas a decisão final depende do governo americano, e o presidente Trump tem um histórico de medidas unilaterais e imprevisíveis. O Brasil precisa manter a postura diplomática e, paralelamente, proteger a sua economia”, concluiu.




 
 
 

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