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Secretárias/os das Paróquias, Seminário e Cúria aprofundam espiritualidade, motivação e autoestima



A Diocese de Erexim reuniu as secretárias/os paroquiais e do Seminário N. Sra. de Fátima e servidores da Cúria Diocesana, nesta quinta-feira, 29, para um dia de reflexão sobre espiritualidade, autoestima e motivação para suas atividades. Os participantes foram mais de 40.

Pe. Wolney Toigo, Administrador Paroquial da Paróquia Santa Teresinha de Estação, utilizando Data-Show, expôs conceito de espiritualidade, da espiritualidade cristã e suas características. Ela é cristocêntrica, comunitário-eclesial, bíblica, eucarística, da reconciliação e mariana. Apresentou também aspectos da mística da secretária paroquial, a acolhida, a escuta, a discrição, renúncias, inserção na vida e missão eclesial. Para cada ponto de sua reflexão, referiu textos bíblicos iluminadores.

A psicóloga e professora da Universidade Regional Integrada, Campus de Erechim, Vera Anzolin, refletiu sobre autoestima e motivação. Com recurso audiovisual, abordou aspectos do ser humano, fisiológico, psicológico e mental, espiritual, a consciência, as emoções, a família, o trabalho, formas de viver cada momento da vida, sem amarguras, mas com alegria e sempre renovadas motivações. Destacou a importância de a pessoa olhar para seu interior, buscar sentir-se em paz e ter clareza do que deseja ser e realizar.

Por fim, houve momento de perguntas, considerações e esclarecimentos com Dom Adimir, Mons. Agostinho Dors, Vigário Geral, e Pe. Wolney Toigo.

Íntegra da reflexão do Pe. Wolney

ENCONTRO DAS (os) SECRETÁRIAS (os) PAROQUIAIS

CÚRIA DIOCESANA DE EREXIM

Erechim, 29 de Setembro de 2022

Tema: ESPIRITUALIDADE (MÍSTICA) DAS (os)

SECRETÁRIAS (os)

1. O QUE É ESPIRITUALIDADE?!

É a maneira de relacionar-se com o Transcendente (Ser Absoluto, Criador...).

A partir disso, leva-se em conta a dimensão religiosa natural (inata) no ser humano. “O homem é capaz de Deus”, afirma o Catecismo da Igreja Católica (CaIC).

“O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus” (CaIC 27). GS 19: “o aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor, e por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu criador”.

Ou seja: “Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar” (CaIC 27).

“Porém, a busca de Deus ou da união íntima e vital com Deus, pode ser esquecida, ignorada e até rejeitada explicitamente pelo homem.

Tais atitudes podem ter origens muito diversas: a revolta contra o mal no mundo, a ignorância ou a indiferença religiosa, as preocupações com as coisas do mundo e com as riquezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes ideológicas ou de pensamento hostis à religião, e até, a atitude do homem pecador que, por medo, se esconde diante de Deus e foge diante do seu chamado” (CaIc 29).

2 – O QUE É ESPIRITUALIDADE “CRISTÔ?!

“Cristã” qualifica e especifica a Espiritualidade. Existem outras Espiritualidades, como: budista, xintoísta, judaica, islâmica... A diferença fundamental entre elas, é a noção de Deus. Deste aspecto decorre uma visão de mundo, de sociedade e de ser humano diverso.

A Espiritualidade Cristã é o modo de relacionar-se com o Transcendente, deixando-se guiar pelo Espírito de Jesus Cristo, isto é, suas palavras, suas ações, suas atitudes:

• O Transcendente de Jesus é o Deus Revelado, Deus Iahweh do AT;

• Jesus chama a este Deus Iahweh de Pai – Abbá;

• Adquirir a qualidade do Espírito de Jesus.

3– CARACTERÍSTICAS DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ

O Vaticano II fez uma volta, um retorno às origens e fontes do Cristianismo dos primeiros séculos, na busca de redescobrir a natureza e a missão da Igreja e da Espiritualidade Cristã. Eis as características desta Espiritualidade:

A) Uma Espiritualidade Cristocêntrica: que se traduz como espiritualidade trinitária do encontro com Jesus Cristo. Jesus Cristo deve estar sempre no centro da vida eclesial e da vida de cada cristão, como modelo e ideal de santidade.

B) Jesus não é um ideal abstrato, é uma Pessoa: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas através do Encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DA 243). A própria natureza do Cristianismo consiste em reconhecer a presença de Jesus Cristo e segui-lo. “O Encontro de fé, com a Pessoa de Jesus Cristo, está na base de todos os Evangelhos”.

C) Uma Espiritualidade Comunitária-Eclesial: a vida comum sempre foi um elemento essencial para a espiritualidade cristã. A dimensão eclesial da espiritualidade: vida fraterna, prática da caridade, educação da fé, exercício das virtudes, o louvor pelo culto devido a Deus, são elementos que nos ajudam a nutrir os ideais de Jesus Cristo, dentro da Comunidade Eclesial, que é: “Escola e casa de Comunhão”.

D) Uma Espiritualidade Bíblica: a Bíblia é a fonte principal da espiritualidade e da vida cristã. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo” (São Jerônimo - DA 247). “A Palavra de Deus é Pessoa”, afirma a Exortação Apostólica Verbum Domini, de Bento XVI. O Assento na Lectio divina: leitura orante da Sagrada Escritura. Encontro com Jesus Cristo para deixar-se transformar pela Palavra (caráter performativo da Palavra). Toda Comunidade Eclesial deve contemplar, em seus projetos pastorais e nas suas estruturas, a “Pastoral Bíblica” entendida como animação bíblica da pastoral (Cf. DA 248). D) Uma Espiritualidade Eucarística: espiritualidade da celebração e da vivência do Mistério Pascal, centralidade de toda Sagrada Liturgia da Igreja e de todos os Sacramentos. A Eucaristia é o lugar privilegiado do Encontro do discípulo-missionário com Jesus Cristo: “Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo, em relação a Deus (abandonar-se ao Pai) e ao Próximo (doação total, serviço oblativo aos irmãos). A Eucaristia, ao mesmo tempo, é fonte inesgotável da espiritualidade (mística) cristã e fonte inextinguível do impulso missionário (Cf. DA 251).

Fala-se, então, do Preceito Dominical do Culto, entendido como “viver segundo o domingo” e suas dimensões: da contemplação de Deus e sua obras (descanso sagrado); culto a Deus; valorização da vida comunitária e familiar; prática da caridade...

E) Uma Espiritualidade da Reconciliação: a vivência do Sacramento da Reconciliação como fonte da espiritualidade cristã. Pelo Sacramento da Reconciliação o pecador experimenta de maneira singular o Encontro com Jesus Cristo que se compadece de nós e nos dá o dom de Seu perdão misericordioso: faz-nos sentir que o Amor é mais forte que o Pecado cometido (DA 254). O Sacramento da Reconciliação liberta-nos de tudo o que nos impede de permanecer no amor de Cristo e nos devolve a alegria e o entusiasmo de viver e de servir a Deus.

F) Uma Espiritualidade do Serviço aos Pobres: o Encontro pessoal com Jesus Cristo acontece de maneira privilegiada pela sensibilidade com o sofrimento alheio, pela assistência aos desvalidos e pela promoção humana (Encontrar Jesus no pobre – Mt 25, 37-40). O Encontro com Jesus Cristo, por meio dos pobres, é uma dimensão constitutiva da nossa fé e espiritualidade cristã.

G) Uma Espiritualidade Mariana: a Igreja sempre reservou um lugar especial para Nossa Senhora, na Igreja e na Espiritualidade Cristã: “Na Igreja, Maria ocupa o lugar mais alto, depois de Cristo, e o mais próximo de nós” (LG 54). Só podemos entender Maria e os mistérios da sua Vida, a partir do Mistério de Cristo Jesus e da Igreja: “Em vista dos méritos de seu Filho foi redimida de um modo mais sublime e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel é dotada com a missão sublime e a dignidade de ser Mãe do Filho de Deus, e por isso predileta do Pai e Sacrário do Espírito Santo” (LG 53). Maria é “Ícone da Igreja”, ou seja, imagem na qual a Igreja procura, em seu peregrinar, alcançar o Reino definitivo, a Pátria Celeste, a Jerusalém Celeste. Por isso, “A Igreja recomenda vivamente aos fiéis que se aproximem de Maria, de sua maternal proteção, para mais intimamente aderir ao Mediador e Salvador” (LG 62). E mais, “As virtudes de Maria devem ser imitadas na Igreja, para que os cristãos cresçam no caminho da Santidade e par que a própria Igreja nasça e cresça nos corações dos fiéis” (LG 65).

4 – ESPECIFICIDADES DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ

Na Espiritualidade Cristã temos uma base comum: o chamado universal à Santidade. Cada Estado de vida dentro da Igreja procura vivenciar tal chamado na sua especificidade, como por exemplo: a vida espiritual do Sacerdote (a caridade pastoral); a vida Consagrada (pelos conselhos evangélicos); a espiritualidade matrimonial (amor unitivo do casal e a constituição familiar); a espiritualidade dos fiéis leigos e leigas.

Sobre a Espiritualidade dos Leigos, o documento da CNBB 62, aponta algumas características marcantes:

• Espiritualidade baseada na oração pessoal e comunitária, na leitura orante da Bíblia e na vida sacramental da Igreja. Tudo isso sustenta os fiéis leigos em sua atuação específica no mundo, ou seja, na realidade familiar, no mundo da educação, da cultura, do trabalho, da ciência, da política, dos compromissos sociais e civis, a fim de testemunhar o Evangelho e transformar a sociedade (175).

• A Espiritualidade dos leigos é, antes de tudo, o caminhar nas estradas da vida, com Cristo, no vigor do Espírito Santo, ao encontro do Pai, construindo o Reino de Deus (176).

• A Espiritualidade do Seguimento de Cristo, integrando todas as dimensões humanas: a corporeidade, a afetividade, a emoção, a racionalidade, a criatividade e a sociabilidade (177).

• A Espiritualidade da experiência do Mistério: Lc 24 – discípulos de Emaús (178).

• A Espiritualidade não é “uma parte da vida, mas a vida inteira guiada pelo Espírito de Jesus”. Entre os elementos da espiritualidade, que todo cristão deve assumir como próprios, destaca-se a oração. A oração o levará, aos poucos, a ver a realidade com um olhar contemplativo, que lhe permitirá reconhecer a Deus em cada instante e em todas as coisas; de contemplá-lo em pessoa; de procurar cumprir sua vontade nos acontecimentos (179).

• A Espiritualidade não afasta da vida cotidiana (180).

• A convivência cotidiana em família é o espaço primeiro para viver esta espiritualidade (181).

• A unidade entre a vida espiritual e a vida secular (182): não pode haver duas vidas paralelas.

• A devoção mariana: “Maria é modelo de reflexão sobre a vida à luz da fé” (183).

• As Testemunhas (mártires, místicos e simples fiéis), tornam-se fontes de inspiração para a vida e a vivência da Fé (184).

5 – A MÍSTICA DA (O) SECRETÁRIA (O) PAROQUIAL (modo de ser, viver, conviver, de agir e reagir diante das pessoas, das coisas e dos fatos)

A) Mística da Acolhida: diz respeito aos relacionamentos interpessoais, com diversas pessoas e pessoas diversas: pobres e ricos, mais cultos e menos cultos, empresários e operários, políticos e homens comuns. Pede-se, aqui, a sensibilidade às necessidades de cada um; não pode haver nenhum tipo de discriminação no atendimento e nas respostas às solicitações. É salutar, para o bom atendimento paroquial, que a secretária seja solícita, atenciosa, compreensiva, hospitaleira. A Secretaria e a (o) Secretária (o), tornam-se o primeiro “cartão de visita” da Comunidade Paroquial e, a primeira porta de entrada, de muitas pessoas, na Igreja e na evangelização.

Texto Bíblico: Lc 10,38-42 (Jesus na casa de Marta e Maria: Maria absorta em Jesus e nas palavras Dele, e Marta absorta nos afazeres domésticos). Como encontrar o equilíbrio entre a atenção às pessoas e às atividades administrativas e pastorais?

B) Mística da Escuta: quantos são os que buscam a Secretaria da Paróquia para falar, desabafar, dialogar. Talvez, este seja o primeiro serviço pastoral da paróquia (atenção ao outro que fala; as suas preocupações e misérias): “Pastoral da Alteridade”. Isso transforma vidas. Fazer do atendimento da secretaria um apostolado, uma missão. Textos Bíblicos: Lc 7, 1-10 (a cura do servo do Centurião Romano); Jo 4, 1-27 (a atenção de Jesus para com a Samaritana); Lc 18, 35-43 (O Cego de Jericó).

C) Mística da Discrição: o verbete Discrição, significa: “qualidade do que é discreto; discernimento; circunspecção; reserva; modéstia; sensatez”. A Secretaria é lugar do secreto, do segredo, das coisas sigilosas, para o bem da Igreja Instituição e da Comunhão Eclesial. Discrição no ouvir, falar, emitir juízos, nas solicitações, com as conversas e assuntos que são tratados em âmbito privado, nos atendimentos, enfim em todo e qualquer expediente. Texto Bíblico: Lc 2, 19.51 (“Maria conservava os acontecimentos sem seu coração”).

D) Mística da Renúncia: quantas renúncias são necessárias, como por exemplo: sobre a vida familiar; os problemas familiares da (o) secretária (a); renúncia que se espelha, também, na confiabilidade e lealdade, especialmente, quanto ao dinheiro de doações, ofertas, dízimo, promoções, etc. Texto Bíblico: Lc 14, 28-34 (Renúncia a todos os bens)

E) Mística da Gratuidade: fazer as coisas por generosidade, cumprir tarefas por amor; serviço oblativo: gratuito e não por retribuição (fazer para receber favores). Realizar o trabalho porque ele me realiza como pessoa; não somente pela ótica do econômico, mas também pelo serviço ao Reino de Deus. Texto Bíblico: Lc 17, 7-10 (Servir com humildade).

F) Mística da Inserção na Vida e Missão Eclesial: este trabalho profissional pode tornar- se também um apostolado, uma ação evangelizadora e missionária. O trabalho da secretaria paroquial é um serviço transversal, que toca, perpassa todas as dimensões da ação evangelizadora e pastoral paroquial.

Uma estrutura paroquial imprescindível para o bom andamento e a eficácia pastoral – a serviço da Missão.

A (O) Secretária (o), como fiel leiga (o), deve sentir-se inserida (o), engajada (o) na vida eclesial, ou seja, pertencente à vida eclesial (Amor à Igreja e à missão da Igreja). Texto Bíblico: Lc 8, 4-8 (Parábola do Semeador).

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