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Dia da Visibilidade Trans: Direitos da população transgênero avançam no Brasil, mas inclusão social ainda é um desafio

  • Foto do escritor: Najaska - Jornalismo
    Najaska - Jornalismo
  • 29 de jan.
  • 3 min de leitura

Decisões judiciais e administrativas impulsionam conquistas como a retificação de nome e gênero, porém o mercado de trabalho e as políticas públicas ainda demandam evolução

Nos últimos anos, a população transgênero no Brasil conquistou importantes avanços em termos de direitos civis, ainda que não exista uma legislação federal abrangente sobre o tema. Tais conquistas foram alcançadas principalmente por meio de decisões judiciais e administrativas, conforme destaca Claudine Rodembusch, coordenadora do curso de Direito da Estácio Porto Alegre.


Entre os principais avanços estão a possibilidade de mudança de gênero biológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece tratamento psicológico, medicamentos hormonais e cirurgias de transgenitalização, além da alteração de nome e gênero no registro civil. A mudança no registro pode ser solicitada em qualquer cartório do país, sem necessidade de advogado, cirurgia ou laudos médicos, segundo o Provimento n. 152/2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Para menores de idade, no entanto, a alteração só é possível via judicial.


“No caso específico das pessoas transgênero, seus direitos foram e estão sendo assegurados, em primeiro momento, por interpretação constitucional, levada a efeito por órgão judiciais, notadamente, os Tribunais Superiores e o Supremo Tribunal Federal, com base na inclusão do tema no que diz respeito à dignidade da pessoa humana e na proibição de quaisquer discriminações, como os incisos III e IV do Artigo 1 da Constituição Federal/88. Entretanto, não se dispõem de uma legislação federal abrangente sobre o tema, mas, sim, de Portaria Ministeriais e leis estaduais”, explica Claudine.


Apesar dos avanços, a inclusão efetiva da população transgênero no mercado de trabalho e na sociedade ainda enfrenta grandes desafios. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) mostram que apenas 4% das pessoas transgênero estão no mercado formal e 90% das travestis recorrem à prostituição como meio de sustento. “A esta realidade se soma os preconceitos estruturais, históricos e sistêmicos contra a população que se inclui na sigla LGBTQIA+, ou a própria omissão legislativa expressa esse preconceito. As formas de discriminação, a seu turno e procurando pela origem de tais problemas, indicam a falta de igualdade de gêneros também no mercado de trabalho. Portanto, se quiser efetivamente, como país, promover a inclusão, em todos os níveis, se teria que desenvolver uma política pública abrangente, via educação, que tratasse de promover igualdade”, afirma a coordenadora.


Entre as estratégias para estimular a inclusão no mercado de trabalho, destacam-se programas de letramento para colaboradores, adoção do nome social nos documentos corporativos e parcerias com organizações como TransEmpregos e EducaTRANSforma. Além disso, políticas de diversidade alinhadas à agenda ESG têm se mostrado ferramentas importantes.



Claudine Rodembusch, coordenadora do curso de Direito da Estácio Porto Alegre
Claudine Rodembusch, coordenadora do curso de Direito da Estácio Porto Alegre

Outro ponto a ser mencionado é que a retificação de nome e gênero no registro civil, e o respeito ao nome social são considerados progressos significativos para a dignidade e bem-estar da população transgênero. "O nome é um elemento básico e indispensável da identidade de cada pessoa, sem o qual ela não pode ser reconhecida pela sociedade nem registrada perante o Estado. Garantir esse direito é uma forma de respeito à individualidade e à dignidade humana", enfatiza Claudine.


Embora o uso do nome social esteja consolidado em diversos documentos, como CPF, RG e título de eleitor, ainda há desafios, como altos custos e burocracia em alguns cartórios, além de resistências culturais e institucionais. A ausência de políticas públicas abrangentes também é apontada como um entrave à inclusão.


Entre as medidas necessárias, destacam-se a promoção de uma política de Estado para inclusão desde a educação básica, o combate à discriminação institucional e a criação de códigos de conduta claros em empresas e instituições de ensino. "Apenas por meio de políticas públicas consistentes e da colaboração entre governo, sociedade civil e iniciativa privada será possível transformar os avanços legais em direitos vivenciados socialmente", concluiu Claudine. Texto: Assessoria de Comunicação Foto: Arquivo/MDHC


 
 
 

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