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Deputados ouvem diretor de escola afastado de suas funções em Jacutinga

Professor Flávio Gabardo responde a processo administrativo disciplinar por suposta manifestação racista

A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, reunida na manhã desta terça-feira (18) ouviu, no espaço para Assuntos Gerais da reunião, o professor e diretor da Escola Estadual de Educação Básica Érico Veríssimo, em Jacutinga, acusado de manifestação racista e afastado de suas funções ao responder processo administrativo disciplinar. Antes, na Ordem do Dia, os parlamentares aprovaram duas novas Audiências Públicas. A reunião foi conduzida pela presidente do Colegiado, deputada Sofia Cavedon (PT) Conforme o diretor, a denúncia de racismo é baseada em um comentário que fez para uma rádio localizada em um município vizinho a Jacutinga, ao ler um texto do jornalista J.R.Guzzo, que analisava os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais do ano passado. Ainda segundo ele, após o comentário, a executiva municipal do PT local produziu uma nota de repúdio contra ele e o denunciou à 15ª Coordenadoria Regional de Educação por crime de racismo. Gabardo contou que depois da abertura de sindicância ele foi afastado da escola e proibido de entrar nas dependências do educandário. "Não posso entrar na escola, os professores evitam falar comigo, fui removido dos grupos de whatsapp dos professores e das turmas de estudantes". Gabardo afirmou que está sendo perseguido por uma atividade pessoal, sem relação com a função que exerce na escola. "Fui acusado, julgado e condenado porque li parte de um artigo. Não cometi crime e nunca cometi nenhum ato de discriminação, atitude ou ação preconceituosa", defendeu-se. Ele agradeceu a solidariedade que recebeu da comunidade local e estadual pelo ocorrido. Também ouvida pelos parlamentares, a coordenadora da 15ª Coordenadoria Região de Educação Juliana Bonez, explicou que recebeu denúncia contra o diretor Gabardo através da ouvidoria da coordenadoria e que, como de praxe, encaminhou técnica e legitimamente o processo administrativo que lhe compete. Ela esclareceu que Gabardo está com laudo (licença para tratamento de saúde) e que não foi demitido do cargo de diretor. "O afastamento do cargo se dá enquanto a sindicância estiver vigente", disse Juliana, ao informar que atualmente o processo encontra-se na Procuradoria Estadual. Debate O autor do requerimento para o comparecimento do diretor Gabardo no Colegiado, o deputado Paparico Bacchi (PL) atestou que o episódio trouxe comoção à população da região e até nacionalmente. "O caso ocupou os principais espaços de mídia do Brasil", relembrou. Para o deputado, o afastamento arbitrário do diretor Gabardo gerou uma grande batalha pela liberdade. "Estamos lutando pelo que é mais sagrado para um homem: a sua liberdade". Por sua vez, o deputado Leonel Radde (PT) leu vários outros comentários do diretor, que segundo ele, são preconceituosos. Antes de se retirar da reunião, Radde citou um ditado alemão: "Se há dez pessoas numa mesa, um nazista se senta, e nenhuma pessoa se levanta, então existem onze nazistas". A manifestação do parlamentar produziu, de imediato, dois Pedidos de Ordem dos deputados Rodrigo Lorenzoni (PL) e Prof. Cláudio Branchieri (Podemos). Em resposta, a deputada Sofia Cavedon explicou que todos os parlamentares podem se dirigir à Comissão de Ética para análise comportamental de cada deputado. Em sua exposição, o deputado Prof. Cláudio Branchieri disse que a humilhação por que passa o professor Gabardo está posta e é irremediável."Sua vida está sendo destruída", solidarizou-se. Segundo ele, a questão é semântica quanto ao significado das palavras, mas abriga a tentativa de censura de manifestações, pretendida pelo governo Lula em projeto de lei que tramita no Congresso Nacional. Ele cobrou a presença da secretária de Educação, Raquel Teixeira, no debate. Já o deputado Rodrigo Lorenzoni disse que não é razoável que a coordenadora regional de educação exerça papel ideológico ao abrir um processo contra o diretor. "Se a manifestação de Gabardo, na rádio, é crime, não cabe à coordenadoria julgar a liberdade de expressão", ponderou. Dirigindo-se a Gabardo declarou: "O senhor é vítima do Estado, de um governo autoritário", reforçou. Sobre a ausência da secretária na Comissão de Educação, ele falou: "Ela despreza esta Casa e, por consequência, a sociedade gaúcha. Ela não tem coragem e dignidade para vir aqui e discutir o assunto", concluiu. A deputada Adriana Lara (PL) julga que o diretor da escola Érico Veríssimo é vítima de acusações e de desconsideração ao artigo constitucional que trata da livre expressão. "Estamos vendo neste caso uma grande arbitrariedade constitucional", explicou. Para ela, a denúncia do PT quer calar um cidadão que é uma grande liderança de Jacutinga e se opõe aos desmandos governamentais e que tem uma posição política clara. "O que o PT quis fazer é uma cortina de fumaça, imputando a um homem idôneo um crime que ele não cometeu", acrescentou. De sua parte, a deputada Laura Sito (PT) disse que, de forma muito correta, o diretor irá responder administrativa e criminalmente a sua fala. "Porque neste país a liberdade de expressão tem um limite e este limite é quando ela atinge outra pessoa ou um povo". Ordem do Dia No período da Ordem do Dia, os deputados aprovaram dois requerimentos de audiência pública para discutir a necessidade de implementar medidas e políticas públicas para combater e prevenir ataques de violência e homicídios nas escolas públicas da rede estadual de ensino, a fim de garantir a segurança de alunos, professores e funcionários da comunidade escolar. O primeiro requerimento, de autoria do deputado Luiz Marenco (PDT), propôs o debate em âmbito estadual. Já o segundo, de autoria do deputado Jeferson Fernandes (PT), aponta o município de Ijuí como local do evento, tendo em vista os graves problemas de infraestrutura e falta de segurança nas escolas do município. Presenças Participaram da reunião as deputadas Adriana Lara (PL), Eliane Bayer (Republicanos), Laura Sito (PT), Silvana Covatti (PP) e Sofia Cavedon (PT), presidente, e os deputados Adão Pretto Filho (PT), Elizandro Sabino (PTB), Felipe Camozzato (Novo), Leonel Radde (PT), Luciano Silveira (MDB), Neri, o Carteiro (PSDB), Professor Cláudio Branchieri (Podemos), Rafael Braga (MDB) e Rodrigo Lorenzoni (PL).

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