A Cooperativa Nossa Terra lançou nesta sexta-feira a campanha Nossa Terra Fica #EuApoio, que defende a permanência da cooperativa, do supermercado e da feira de produtores no terreno que ocupam há 23 anos, junto ao DAER. A campanha é uma resposta à intenção do governo do Estado de doar a área para uma empreiteira, como parte de pagamento de uma obra de asfaltamento.
A cooperativa está enfrentando a real ameaça de ser expulsa do terreno que ocupa, desde que o governo do Estado começou a divulgar a “dação em pagamento” da área para a empreiteira. Ao anunciar essa negociação em um evento, o representante do Estado declarou para a imprensa o seguinte: “É um “baita negócio” para o Estado e nós vamos poder dar um uso muito melhor para aquela área ali hoje.” Outro político presente disse o seguinte: “É o Estado sendo “inteligente”, buscando as estruturas que estão em “desuso ou subutilizadas”, passando para a iniciativa privada, revertendo em obras que vão mudar a vida das pessoas”.
Em resposta a essas declarações, o presidente da Nossa Terra, Adelmir Gaiardo, se pronunciou: “Ouvindo isso, qualquer pessoa desavisada poderia pensar que no terreno em questão só tem mato e capim. Mas ao contrário disso, há vidas ali! São famílias que trabalham arduamente e geram riquezas para o Estado! Neste local temos uma Cooperativa, um Supermercado e uma Feira da Agricultura Familiar. São 23 anos de história.”
Para enfrentar essa séria ameaça, foi formado o Coletivo de Apoio à Agricultura Familiar, por lideranças do setor e uma campanha de mobilização, lançada nesta sexta-feira, com o objetivo de sensibilizar a população de Erechim e região, com a meta de colher milhares de assinaturas em uma Petição Pública endereçada ao Governo do Estado. Para isso, será lançado um manifesto pedindo a permanência da cooperativa no local. Várias lideranças políticas e de entidades do setor já estão manifestando apoio à campanha.
Manifesto em defesa da Agricultura Familiar e da Cooperativa Nossa Terra Nós, agricultores e agricultoras familiares, membros do Coletivo de Apoio à Agricultura Familiar, vimos a público manifestar nosso apoio e solidariedade à luta pela preservação do espaço de trabalho da Feira da Agricultura Familiar e da Cooperativa Nossa Terra. A agricultura familiar é responsável por produzir mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, gerando emprego, renda e desenvolvimento sustentável para milhões de famílias no campo e na cidade. A agricultura familiar é também a principal guardiã da biodiversidade, da cultura e dos saberes tradicionais que fazem parte da nossa identidade nacional. A Cooperativa Nossa Terra é um exemplo de como a agricultura familiar pode se organizar de forma coletiva, solidária e democrática, oferecendo produtos de qualidade, com respeito ao meio ambiente e aos direitos dos trabalhadores. A Cooperativa Nossa Terra é formada por mais de 1500 famílias que cultivam frutas, verduras, legumes, grãos, leite e derivados, mel, ovos, carnes e outros produtos agroecológicos, sem o uso de agrotóxicos ou transgênicos. A Cooperativa Nossa Terra disponibiliza seus produtos em feiras, mercados, escolas, hospitais e outros espaços públicos e privados, garantindo o acesso da população a uma alimentação saudável e diversificada, para todo território nacional. Após 22 anos de história, a Cooperativa Nossa Terra tem importante papel econômico e social, porque gera renda ao agricultor, empregos e retorno financeiro ao RS e aos municípios onde atua. No entanto, a agricultura familiar e a Cooperativa Nossa Terra estão sob ameaça de perder o seu espaço de trabalho, para interesses privados comandados pelo Estado do RS, através do DAER, que já anunciou a “dação em pagamento” da área para uma empreiteira. Esse modelo de governar e de tratar a coisa pública desrespeita milhares de famílias de agricultores que tiram seu sustento do trabalho junto à sua cooperativa, localizada em parte deste terreno. A ideia de expulsar os trabalhadores de seu espaço de trabalho é gravíssima e traz péssimas consequências para muita gente que depende da agricultura familiar. É ruim para Erechim. É ruim para a região, que com a perda de mais essa estrutura, fica cada vez mais dependente de Passo Fundo. Por isso, nós abaixo assinados, pedimos ao Governo do Rio Grande do Sul, o imediato desmembramento desta área pública do Estado, para posterior cessão, doação, transferência ou até mesmo a venda do imóvel para a Cooperativa Nossa Terra, garantindo assim a permanência deste importante espaço de trabalho da agricultura familiar. Nós convocamos todos os cidadãos e cidadãs brasileiros a se juntarem a nós nesta luta em defesa da agricultura familiar e da Cooperativa Nossa Terra e bradar numa só voz que a Nossa Terra Fica! Coletivo de Apoio à Agricultura Familiar
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