Cartórios apontam que o Rio Grande do Sul tem média de 1,8 mil órfãos por ano desde 2021
- Najaska - Jornalismo
- 2 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Em 2021, pandemia da COVID-19 foi responsável por ao menos 1/3 da orfandade em território gaúcho e, até este ano, pode ter deixado até 1.023 crianças e adolescentes sem um dos pais

Levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil do estado aponta que mais de 1,8 mil crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano no Rio Grande do Sul. Os dados, pela primeira vez consolidados a nível estadual, mostram ainda que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por ao menos um terço da orfandade no estado, correspondendo a 475 crianças que perderam seus pais por conta da doença em um total de 1.744 órfãos.
O levantamento abrange o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, possibilitando averiguar com exatidão o número de órfãos no país ano a ano. Até a metade de 2019 não havia a obrigatoriedade de inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento, inviabilizando uma correlação exata entre ambos os registros, número que ficou consolidado a partir de 2021.
"Esses dados inéditos trazem uma reflexão importante sobre o impacto social da orfandade no estado. Com o levantamento realizado a partir do cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, podemos evidenciar a necessidade de atenção e políticas públicas voltadas ao amparo dessas crianças”, explica o presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado do Rio Grande do Sul (Arpen/RS), Sidnei Hofer Birmann.
Segundo os dados consolidados pela Arpen-RS via ON-RCPN, além dos 1.744 órfãos contabilizados em 2021, o ano seguinte registrou 1.618 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou um aumento para 2.051 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 1.925, o que deve superar o recorde do ano passado neste período.
Quando consideradas apenas crianças e adolescentes que ficaram órfãos dos dois pais, os números diminuem consideravelmente. Em 2021 foram 42, em 2022, 20, em 2023, 33 e, em até outubro de 2024, 36 órfãos. Em razão de seu contingente populacional, São Paulo é o estado que mais registra órfãos no Brasil, seguido pela Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Fenômeno da Covid-19
Os dados consolidados do levantamento dos Cartórios de Registro Civil apontam que a Covid-19 deixou, desde 2019, 577 crianças órfãos de pelo menos um de seus pais no Rio Grande do Sul. Se forem consideradas doenças correlacionadas ao coronavírus no período, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – 28; Insuficiência Respiratória – 392; e Causas Indeterminadas – 26, o número pode chegar a ao menos 1.023 crianças órfãos no Rio Grande do Sul por causa de doenças relacionadas à Covid desde 2019.
Ainda segundo o estudo, ao menos 10 crianças perderam os dois pais em razão da doença causada pelo novo coronavírus, número que pode ser ampliado a 6, se forem considerados óbitos de doenças à época relacionadas com a Covid-19, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – 0; Insuficiência Respiratória – 5; e Causas Indeterminadas – 0. O levantamento ainda aponta reflexo no aumento do número de órfãos em razão do falecimento de seus pais em doenças como Infarto, AVC, Sepse e Pneumonia, que estiveram relacionadas com a pandemia nos últimos anos.
Por: Assessoria de Comunicação Arpen/RS
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